Dia Nacional do Azulejo

2017-05-05

A Assembleia da República aprovou por unanimidade, em março passado, o dia 6 de maio como Dia Nacional do Azulejo.

A Infraestruturas de Portugal congratula-se com esta resolução por ela projetar a relevância da arte e das técnicas aplicadas à azulejaria das estações ferroviárias e como forma de evocar a necessidade permanente da sua proteção e preservação.

Os quatro pilares em que se fundamenta a nossa ação são:

1- INVENTARIAR

Desde a inauguração do caminho-de-ferro em Portugal que o azulejo marca presença nos edifícios das suas estações ostentando um património muito variado, constituído maioritariamente pelas seguintes tipologias:

  • Painéis figurativos, em que os temas preferenciais são as paisagens e sítios, usos e costumes, tradições e fainas agrícolas ou piscatórias e o património documental de cada localidade;
  • Composições módulo-padrão, com motivos geométricos, nalguns casos relevados;
  • Toponímia, por vezes em paralelo com o nome da estação escrito a vidraço preto, em pavimentos de calçada portuguesa;
  • “Escudos da nação” animando os alçados da primeira geração de edifícios de passageiros;
  • Placas dos prémios do Concurso “Estações Floridas”, criado em 1941, com desenho original de Carlos Botelho.

As técnicas industriais e artesanais mais frequentes são a pintura à mão, diretamente sobre o vidrado, a estampilhagem (uso de máscaras recortadas para passagem dos pigmentos coloridos para o vidrado), a estampagem (impressão por prensagem mecânica de uma estampa sobre a peça vidrada) e o alto e médio-relevo (formas preenchidas com argila, trabalhadas manualmente ou por pressão mecânica).

A adoção deste material representa a grande originalidade na decoração das fachadas dos edifícios, além de uma economia na sua conservação e limpeza pela duração e proteção que lhes assegura.

A IP Património, empresa do Grupo Infraestruturas de Portugal, realizou, em 2016, o levantamento do património azulejar de 116 zonas de edificado, o que constitui 38% das 308 estações e apeadeiros onde temos conhecimento prévio da existência deste património integrado.


2- CONSERVAR

A Infraestruturas de Portugal tem desenvolvido várias ações de conservação e restauro, quer através do lançamento de concursos quer através de mão-de-obra interna.

De entre estas ações há que destacar, por concurso, Porto – São Bento, Pinhão, Caminha e Elvas e São Mamede de Infesta, Contumil e Bombarral, através de mão-de-obra interna.

De referir que a ex-REFER foi galardoada com o Prémio SOS Azulejo 2014 pelas ações de conservação e restauro das estações de Porto – São Bento e Pinhão.

Está também em implementação o projeto “KIT SOS AZ” cujo objetivo é a atuação imediata, em casos de emergência, consistindo o mesmo na sua distribuição (equipamentos e consumíveis) por sete equipas implantadas geograficamente, por centro de manutenção.

 

3- PROTEGER

Três grandes ações têm vindo a ser desenvolvidas:

Para comemorar mais um aniversário da inauguração do caminho-de-ferro em Portugal, a 28 de outubro de 1856, foi assinado, em 28 de outubro de 2014, um Protocolo de Cooperação entre a ex-REFER e a Polícia Judiciária, através da Escola de Polícia Judiciária-Museu de Polícia Judiciária – EPJ-MJP.

Uma das ações decorrentes deste Protocolo é a instalação de placas dissuasoras de roubo e vandalismo em património azulejar, estando em fase de conclusão a instalação do 3º lote de 60 placas – o que corresponde a 58% do objeto desta atividade – privilegiando-se as estações desativadas, estações com painéis figurativos e revestimentos azulejares de desenho raro.

À medida que a Imfraestrutras de Portugal e a IP Património se apercebem da existência de casos de roubo e/ou vandalismo têm vindo a solicitar ao Projeto SOS Azulejo o reforço de rondas das autoridades locais (PSP e GNR), especialmente nas estações que se encontram desguarnecidas ou mesmo sem serviço. Exemplos:

  • Ramal de Cáceres: Marvão-Beirã, Castelo de Vide e Vale do Peso
  • Linha do Sul: Canal Caveira, Alvalade do Sado
  • Linha do Minho: São Pedro da Torre, Viana do Castelo e Valença
  • Linha da Beira Alta: Abrunhosa e Canas-Felgueiras
  • Linha do Norte: Ovar
  • Linha do Sabor: Urrós, Sendim e Carviçais
  • Linha do Alentejo: Santa Vitória-Ervidel

Tem sido prática na celebração dos contratos mais recentes de subconcessão de património edificado a inclusão de cláusulas que obriguem os subconcessionários a ações de salvaguarda e proteção do património azulejar.

 

4- DIVULGAR

A Infraestruturas de Portugal e a IP Património desenvolveram no passado recente as seguintes ações:

  • Visitas guiadas no âmbito dos seguintes eventos: “Festa no Chiado”, “Clássicos de Lisboa”, “Ciência Viva”, “Open House” e JEP – Jornadas Europeias do Património 2015 e 2016;
  • Exposição “Ei-los que partem” – Comemorações dos 160 anos da inauguração do caminho-de-ferro em Portugal, dos 100 anos da Declaração de Guerra da Alemanha a Portugal e dos 100 anos da Estação de Porto – São Bento, que esteve patente nesta estação de 5 a 23 de outubro de 2016 e durante a qual realizámos várias visitas guiadas;
  • Exposição “Comemorações dos 160 anos da inauguração do caminho-de-ferro em Portugal, inaugurada a 25 de outubro de 2016 na Assembleia da República e que teve várias visitas guiadas;
  • Visitas guiadas, a pedido da Escola Básica e Secundária Sidónio Pais, à Estação de Caminha, na Linha do Minho, no âmbito da ação de conservação e restauro dos painéis de azulejos / 2016;
  • Formação interna/IP Cross Training “Estações Ferroviárias: Espaço, Tempo e Arquitetura” / Porto, novembro de 2016;
  • Formação interna/Cross Training “Gestão e Defesa do Património IP”, dedicado ao Património Azulejar, Pragal, novembro de 2016;
  • “Do Rossio ao Terreiro do Paço, uma visita à Lisboa de Pessoa”, em parceria com a ALPHA, Academia Lusófona do Património Histórico e Artístico, Dezembro de 2016;
  • Texto sobre “Azulejos das Estações de Caminhos-de-Ferro” para a Fundação Museu Nacional Ferroviário.

O guião das visitas, pensadas para públicos de todas as idades, é concebido em parceria com a CP-Comboios de Portugal e em função da história da linha em que a estação se insere, da história da própria estação e seus elementos constituintes – edifícios e outras construções. São feitas referências à arquitetura e aos diferentes intervenientes, como sejam as companhias que, ao longo dos anos, encomendaram os projetos e os arquitetos autores.

Percorremos todas as instalações, procedemos à mostra de imagens e à distribuição de folhetos alusivos a cada estação, também concebidos em parceria com a CP, sendo sempre referido o valor do património azulejar e a parceria com o Projeto SOS Azulejo.

Ainda no âmbito da ex-REFER, foi realizado o registo progressivo no site www.monumentos.pt, gerido pela DGPC – Direção Geral do Património Cultural, de estações ferroviárias, como sejam as de Marvão – Beirã e Castelo de Vide, no Ramal de Cáceres, com intervenção plástica de Jorge Colaço nos lambris dos edifícios de passageiros.

Foi assinado a 13 de julho de 2016 pela Infraestruturas de Portugal o protocolo com a DGPC relativo à colaboração entre as duas entidades, visando a realização de um adequado inventário, levantamento documental e divulgação do património arquitetónico, património integrado e acervo miúdo sob gestão da Infraestruturas de Portugal.

De acordo com este Protocolo concluiu-se em 2016 a elaboração de dez fichas e recolha de informação técnica e fotográfica que permita à DGPC a criação de registos no sistema SIPA relativamente às estações de Duas Igrejas – Miranda, Mogadouro, Sendim, Urrós, Variz, Faro, Funcheira, Lagos, Óbidos e Tomar.